Aventuras de uma Adelaide de Salto Alto

"Pede direeeeito" berrava o gênio do guarana antarctica na minha cabeca quando o avião aterrissava em Asuncion. Pois é, acabei ficando em são paulo, mas a quase mudança pro Paraguai libertou minha porção verborrágica. Então aí está: aventuras de uma Adelaide de Salto alto em terras paulistanas. Mano.

Monday, May 15, 2006

Orlando Orfei

Catota, 26, brasileira. Encoberto, 29, paulistano. Se vêem pela primeira vez em meses. Pra deixar tudo casual, resolvem fazer um programa de criança, no circo. Felizes, mais meio constrangidos com a presença um do outro. Na bilheteria:

Moça bilheteira - -Casá bunito esse. Cês si gosta muito, né?
(Em)coberto-É... a gente se gosta sim
Catota tirando onda -Gosto. Ele não gosta muito, dona. Mas eu continuo tentando.
Moça bilheteira-ó Catota. Dá sempre amô pra ele, que assim ele vai sempre te buscá. É que ele nunca vai encontrar por aí o que você dá pra ele.

Catota - e aí, você vai sempre me buscar?
Encoberto – é... foi o que ela disse, né? E eu consigo escapar?

Saturday, October 29, 2005

De amor ou de sombras

Tecer teorias sobre a própria experiência é como desenhar ideogramas com lápis antigos de pontas brutas, que teimam em marcar o papel no movimento da sua mão. Não têm o poder de mudar a percepção, ao contrário, trazem a tona a cor das tintas esquecidas que de repente tornaram-se indeléveis. Ainda assim eu desenho não por obrigação, mas por gosto ao riscado.

Capítulo1: A Paixão
Lá está você aconchegada no sofá da sala com controle remoto em punho, olhos ardendo de sono nas altas horas da madrugada quando um ruído baixinho te alerta para a porta de entrada. Não há tempo para reagir, numa fração de segundos a porta se abriu e você é violentamente retirada do seu conforto. A paixão é explicita e intensa, imobiliza rapidamente, arrasta feito vendaval, prende com sabor e violência a presa e ali mesmo a possui sem arrependimentos. Não há resistência nem tempo para diálogo...na de penumbra ela rasga sua roupa, se atira sobre seu corpo e invade todos os seus sentidos. Com a mesma intensidade que ela vem, ela parte. Ao amanhecer meio desperta, meio atordoada, a gente nota o gosto na boca, o lençol revirado, o corpo marcado. Não sabemos bem o que se passou, mas ainda sentimos na pele um certo anestesiamento. A paixão não liga no dia seguinte, não dá satisfações. Na noite seguinte: você, a tv e o sofá. Quem sabe de novo a paixão invada chutando as portas do fundo da sua alma e te levando para o quarto sem pestanejar. Você espera que não enquanto torce para que sim.

Capítulo2: E o amor?
Mesma cena da sala: você, sofá e a tv ligada. Controle remoto na mão e uma batida de leve na porta. Você desperta, se ajeita e vai ver quem é. O amor se apresenta, te toca de leve, te olha nos olhos enquanto aprecia o seu sorriso. Escutam música, saem para beber juntos, de mãos dadas, dedos entrelaçados. Discutem sobre o último filme, os últimos dias e a vida em geral. Dividem planos, compartilham desejos e anseios. O amor te prende pelo olhar, te sente a pele, te toca levemente, desabotoa sua blusa enquanto derrama de leve no teu ouvido promessas secretas e eternas. Talvez no sofá, talvez até mesmo no seu quarto, sobre o edredon macio da cama, o amor te deita e te enche o corpo de alma e sentimento. A pele arrepia, os batimentos cardíacos aceleram, mas você está lúcida e no dia seguinte ao abrir os olhos para a luz da manhã, talvez até da tarde, ali está ele, o amor dormindo feito criança do teu lado, roubando seu travesseiro, pernas entrelaçadas nas suas. Você sente seus braços, o calor do seu corpo e sabe que não quer mais sair dali. Não adianta, ele veio pra ficar. Antes de ir, se despede com promessas nos olhos e um abraço que você torce para ser eterno. E você sente que até o próximo encontro ele estará lá, embrenhando-se nos seus pensamentos a cada respiração que você der.

Tuesday, April 05, 2005

Indiana Jane meet Cinderella

Então vou passar o fim de semana na África do Sul. Agora meus alter-egos brigam para ver quem leva a melhor.
Tati Jones, (Du, sem menções, to quietinha)aventureira, passa faróis vermelhos sendo xingada por meia São Paulo (mas chega na aula de dança a tempo), desafia a própria chefe e não reconhece nenhuma sombra de solidão de domingos a tarde, quer fazer safári nas grandes savanas africanas. Ver Big Five (leõs, rinocerontes, bufalos, leopardos e elefantes), um deslumbrante pôr do sol e lembrar do Rei Leão. Por falar em rei leão, pequena Tatoca também fica feliz com essa opção. Nos últimos dias adquiriu a ignóbil mania de falar que "vai ver bichinho" pra quem quiser ouvir. Não importando se é uma decisão importante do seu projeto e ela está na frente de diretores. Está apenas feliz que "vai ver bichinho". Não se contenta mais com Brownie. Ele não pode rugir.
Do outro lado do mar de neurônios encontra-se Ms. Bumachar. Metropolitana. Cidadã do mundo. Já visitou 12 países e quer mais. Quer ir para Capetown porque tem Jazz Fusion Africano, balneários deslumbrantes e a Table Mountain.
What to do?

clear conscience is usually sign of a bad memory

dizem que em tempos de estiagem de páscoa nada melhor do que um a história de Mc Donald´s. Dizem, eu não ponho minha mão no fogo, porque vai que queima?

Wednesday, March 09, 2005

Money for nothing and the chicks for free

Um dos últimos grandes casos de lançamento de produto que eu vi foi o Security Glass da 3m. Para demonstrar a resistência do produto eles montaram um ponto de ônibus feito desse vidro, que deveria ser praticamente inquebrável, cheio de maços de dinheiro por dentro. Além de causar espanto aos desavisados que passavam na rua, a demonstração ao vivo dos atributos do produto rendeu matérias em jornais, pra dizer o mínimo. O negócio é que do outro lado da rua havia uma câmera de segurança de longo alcance que registrava as reações dos transeuntes: entre elas porradas com bastões no vidro, voadoras, chutes inconformados, etc...
Agora, quem já viu "Tiros em Columbine", documentário do Michael Moore ou mesmo South Park, sabe que o Canadá, aonde foi montado o ponto de ônibus, é um dos países com menor índice de armas de fogo por pessoa no planeta. Vai fazer isso no Rio. Ou em São Paulo. Se não conseguirem arrebentar o vidro a tiros, tenho certeza que alguém dá um jeito de arrancar o ponto de ônibus inteiro.
Porque os nossos delinquentes também são mais criativos que os outros.

E dou fé

Segmentação de tribos é coisa que sempre existiu. Tão bem retratada nos filmes esteriotipados de High School americanos onde os garotos "cool" (formados por atletas e líderes de torcida) não se misturam com os nerds (normalmente membros do clube de xadrez) na mesa do almoço, ela não é uma exclusividade da terra de Tio Sam. Afinal, quem nunca passou um recreio aonde metaleiros, maconheiros e patricinhas se estranhavam de pontos estratégicos do pátio?
A gente foi crescendo e as denominações foram apenas mudando. Surgiram os grunge, os plínios (referência ao Plínio da turma do Bolinha/Luluzinha que, além de arrumadinho era também rico) e outros grupos providos até de entonação regional.Os coquinhos paulistas são os paraíbas cariocas e assim vai.
E por falar em cariocas, a gente precisa admitir que eles sempre foram uns dos povos mais criaticos em matéria de segmentação humana. Vem dos hpmens dos subúrbios cariocas a criação das popozudas, preparadas e cachorras que assolou o país.
Mas aí as mulheres resolveram contra-atacar e criar, elas mesmas, sua auto-denominação. E é por isso que hoje se ouve, em bailes funks cariocas o grito "Quem é amante aqui levanta a mão!" E sim, elas admitem.
Hoje os bailes se dividem entre amantes e de fé. Amantes, são auto-explicativas e gritam, cheias de orgulho que ficam com o melhor dos homens."Eu sou amante porque eu posso. Falo isso com orgulho. O marido não é seu. O marido agora é nosso". E as de fé, também chamadas de cornas mesmo, são as casadas com as primeiras. E se defendem, cheias de panca, dizendo que as outras não são mulheres o bastante para serem assumidas.
Nessa toada, dizem que a maior atração da noite são os duelos (de rimas) entre as duas facções.
Será que elas não entenderam que estão se rotulando apenas pelas condições que as ligam aos homens? Dava pra se valorizarem mais, não dava não?
Mais especial mesmo é uma terceira facção que nasceu a partir dessas: é a, rufem seus tambores "Lanchinho da Madrugada", isso mesmo, aquele quebra galho que se come no final da balada.
E eu que tinha dó do cara que tocava tuba nos filmes da Sessão da Tarde,...

Friday, March 04, 2005

close your eyes and I´ll be on my way

so kiss me and smile for me
tell me that you´ll wait for me
hold me like you´d never let me go
´cause I´m leaving on a jet plane, don´t know when I´ll be back again
oh babe, I hate to go!

gata borralheira-samurai

Os bebês japoneses são pobres mas são limpinhos. Acabaram de desenvolver um Tip Top para "engatinhadores" nipônicos com escovas na parte de baixo. A mecânica é: a dona de casa passa a cera, a criança vai engatinhando e escovando. Cada um faz a sua parte.
E tem gente que ainda diz que os bebês não servem pra nada.

era pegadinha

Me disseram (depois de 02 meses) que meu visto estava liberado e iam me deixar entrar no Paraguai. A demora foi justificada com a seguinte frase: "como ninguém nunca pede visto pra cá estamos aprendendo com o seu caso".
Mas depois desfizeram o equívoco. Meus documentos foram liberados pelo consulado Paraguaio no Brasil. Agora isso precisa passar por uma consistência com o Ministério Paraguaio X no Paraguai. Próxima etapa: mais dois meses. E depois a gente ainda acha que burocracia é produto tipo exportação brasileiro.
É isso galera: feijoada, pagode e futebol farão parte do meu vocabulário mais um pouquinho.
Só posso intuir, por essa demora toda que eles estão atacando o contrabando por categoria de produto. A primeira a ser fiscalizada é a de materiais humanos. O resto ainda passa incólume.

Thursday, March 03, 2005

post só pra mim

Passou a mão pelos cabelos pela milésima vez. Soltou um suspiro. Mãos geladas, coração apertado.Passou do site de temas engraçadinhos para o site de textos sérios e de volta para o de amigos num piscar de olhos. Estava aprendendo a zapear na internet.
"Quem sabe inventar um scanner de sites para quando se está impaciente seja uma boa. A pessoa não consegue se concentrar, muito menos dormir, pára em frente ao monitor e ativa o bichinho. Ele te dá 15 segundos de sites diversos - excluem-se os de busca e os pornôs - e a pessoa pára quando quer"
Écati, essa mania de inventar produtos esdrúxulos têm que parar. Vou arquivar a idéia do scanner de sites junto com o auto-fazedor-de-cafuné e o banquinho-portátil-para-longas-caminhadas (tá bom, esse é dos japoneses, mas eu achei genial).
Tamborilou as unhas vermelhas muito bem feitas no móvel. Mordeu uma por uma, porque tinha fome de carinho.
Menininha invocada. Invocada e impulsiva. Impulsiva e equivocada. Equivocada e apaixonada.

Porcos e diamantes

É videogame ao invés de bola. Televisão ao invés de amigo. Sofá ao invés de árvore.
Como vão ser as crianças de hoje quando chegarem na nossa idade?
Como vão mandar e-mails nostálgicos um para o outro, se eles não compartilham brincadeiras? Eles passam longe do nosso Pogo-bol, bafo e jogar taco então, nem se fala.
Além do perigo das ruas que as deixam enclausuradas em casa na frente do videogame, as crianças hoje têm agenda: natação, informática, inglês. E elas encaram como trabalho mesmo, com a seriedade que os pais impõem quando falam:
-meu filho, isso custa caro, tem que levar a sério, hein?
Em outra realidade, aprovaram uma lei na Finlândia que obriga a todos os criadores de porcos do país a terem uma área com brinquedos para os porco brincarem livremente. É o tempo livre dos porcos, onde ninguém mais pode interferir.
Essa medida foi resultado de uma pesquisa que mostrou que porcos que brincam são menos estressados, mais pacíficos, de bem com a vida e consequentemente têm a carne mais macia.
Acho que na minha próxima encarnação não quero vir criança, quero chegar porco finlandês.

Sunday, February 27, 2005

genéricos com uma causa

Virou fenômeno.Desde Agosto do ano passado, braços de famosos e moderninhos americanos passaram a ostentar um bracelete amarelo, feito de borracha aonde liam-se as palavras "Live Strong" em baixo relevo.
Trata-se da campanha para obtenção de renda da Lance Armstrong Foundation: desde 1997 fundada para ajudar pessoas com câncer viverem melhor. A campanha recebeu muita atenção da mídia e o acessório virou peça de desejo, chegando a um pico de vendas de 33 milhões de unidades até hoje.
Mas aí começaram a pipocar por aí, um bando de genéricos caridosos. O The one campaign, que vende-os por um dólar, fez braceletes brancos para ajudar no combate a pobreza e fome. Vale dizer que apesar da causa ser linda, a campanha de marketing é lamentável. Traz fotos de crianças africanas abraçadas pelo Brad Pitt, embaixador da causa. No material publicitário ele aparece em foco enquanto uma sombra preta esconde as crianças o máximo possível. Talvez não fossem fotogênicas o bastante? Deve ser a fome, não?
Voltando ao assunto, depois surgiram outros, banalizando um pouco o ítem: braceletes azuis, para ajudar as vítimas do Tsunami, laranjas, para ajudar pessoas com AIDS, rosa contra o Câncer de Mama e os de arco-íris contra o preconceito sexual. Tentando ainda lucrar com o momento, lojas hoje nos EUA vendem braceletes com inscrições "Jesus Me Ama", e "Deus abençoe os Mortos" (não entendi se os mortos em questão são desencarnados em geral ou os excluídos por todos os outros braceletes.)
O problema atualmente é que o número de cores é limitado e de causas nem tanto. Virou uma zona: hoje se vê pessoas na rua e não se consegue entender que causa elas defendem (ou atacam) com seus braceletes. Verde, por exemplo, traz suporte a causas como: medula óssea, depressão, causas ambientais, transplante de órgãos, retardamento mental entre outros. Os braceletes viraram o equivalente fashion ao óleo de côco de Porto Seguro, cujo vendedor garantia que curava desde câncer de pele, unha encravada até impotência sexual.
E não conseguem mais atrair atenção para as causas defendidas, apenas para quem as veste. Virou marketing pessoal. Daqui a pouco vira bairrismo, que nem torcida de futebol:
-Hum, você é um cinza? Eu sou vermelho desde pequenininho!