Aventuras de uma Adelaide de Salto Alto

"Pede direeeeito" berrava o gênio do guarana antarctica na minha cabeca quando o avião aterrissava em Asuncion. Pois é, acabei ficando em são paulo, mas a quase mudança pro Paraguai libertou minha porção verborrágica. Então aí está: aventuras de uma Adelaide de Salto alto em terras paulistanas. Mano.

Thursday, February 17, 2005

Nao é a Mamae

Eu nunca me importei ao receber aqueles e-mails que atestam o nosso nível de senilidade a partir da nossa habilidade para reconhecer alguns ícones dos anos 80, como Dip-Lick (eu a-do-ra-va o do pozinho de uva), Acquaplay, Pogo-Bol e por aí vai.
Mas me senti realmente velha ao descobrir um duro fato da vida: o Ken envelheceu. E nao é só isso: ele envelheceu, casou-se com a Barbie, tiveram filhos, um cachorro e um álbum de família. Dizem as más línguas que ele tem uma amante, mas essa fica em uma caixa-apartamento novinho em separado, que ele mesmo mobiliou e que, com medo dos altos valores da sociedade, fica no fundo da gondola, junto com a Barbie lésbica e a Barbie-revolucionária (lá por opcao, já que se envergonha deste mundo capitalista)
Se voce já olhou por debaixo do vestido da Barbie e sabe que a boneca politicamente correta e membro ativo do partido conservador nao tinha nada ali, no seu plastico lisinho, pode estar perguntando como essa explosao demografica ocorreu, mas o pior está por vir, além da família, ainda se podia escolher o destino da Barbie.
Os Kens eram todos pais de famílias grisalhos, e sinceramente, meio acabados: tinham a cara e o olhar vesgo que o Richard Gere fazia toda vez que tentava se passar por vulnerável em um filme água-com-acucar qualquer(sim, eu o-di-ei "danca comigo", mesmo gostando de danca)
As Barbies estavam divididas em duas secoes: aquela que decidiu ser uma mulher de carreira (tinha neuróticas administradoras, que vinham com fax e celular - faltaram as olheiras - médicas, de jaleco branco, e atrizes, que ja vinham com silicone, ainda mais peitudas do que a Barbie original,...). Olhando mais a fundo na gondola, atrás da Barbie-Winnits vinham as maes de família, com 03 filhos (um casal e um bebe) todos vestidos iguais; te juro, era passar pela gondola e irracionalmente vinha uma vontade de comecar a cantar a trilha sonora da Novica Rebelde.
Para a crianca que é alvo de sacanagens na escola: nerd, baixinha, cabelo ruim ou por qualquer outra razao, tinha também a Barbie transformista, que vinha munida de uma identidade secreta: estudante de dia, vinha paramentada com seus óculos e jaleco e a noite escapava para uma vida mais glamurosa. Por debaixo do jaleco tinha uma mini saia e blusa com glitter. Dentro da pasta de estudante havia um mini microfone e a boneca estava pronta para ir arriscar a voz (muito provavelmente num Karaoke de quinta, talvez acompanhada dos Barbie Von Trapp e da amante renegada do Ken-Gere).
Nao deixo de sentir que era mais interessante brincar como a gente fazia, inventando uma história nova para as nossas bonecas a cada dia, camaleoas de plástico a nossa mercë.
Se for para ser assim ainda prefiro a Noiva do Chucky, que pelo menos tem coragem de sair na rua de sombra azul e roupa de couro, em claro sinal de protesto.

1 Comments:

At 2:28 PM, Anonymous Anonymous said...

Kichute, Domingo no Parque ("você troca o seu carro zerinho por uma caixa de fósforos usados?" Siiiiiiiim...), Atari, cordão do Greg (aquela coisa ridícula com formato de fio de telefone que os bundões, incluindo eu, usavam influenciados pelo personagem de Cássio Gabus Mendes. Ou seria Cassiano?), Elo Perdido, chicletes Ploc com figurinhas Ploc Monster... enfim, bons tempos e, mais do que isso, um atestado de que, mais cedo ou mais tarde, todos voltaremos às fraldas, só que, dessa vez, geriátricas. Como será que estarão Barbie e Ken até lá? Bisavós, talvez.

 

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